Este documentário,
chocante, revela por meio de diversos depoimentos o contraste existente em diferentes
situações sociais em nosso país sobre o conceito de infância, principalmente
abordada na perspectiva da criança e o adulto... Algumas crianças se demonstram
ainda serem “adultos em miniatura”, na qual assumem suas responsabilidades,
como foi na era medieval, outras são crianças, mas com preocupações de adultos,
preocupadas com o futuro e o mercado de trabalho.
Os teóricos abordam
a ideia de infância, criada em um determinado período histórico da modernidade,
como uma época tranquila, de proteção, da importância afetiva, de livre
expressão, de descobertas, investigação e exploração, mas este filme revela que
ainda há muito a se fazer, que a realidade atual ainda não esta dentro deste
contexto. Nos depoimentos das crianças que trabalham na pedreira vemos olhos
tristes e cansados, tristes por não ter tempo, não poderem ser crianças, devem
trabalhar e estudar, e nas poucas horas vagas talvez brincar, mas já tem
responsabilidades assumidas, consigo e com a família de “levar o pão para casa,
dinheiro para fazer a feira”; Já nas crianças com maior poder aquisitivo vemos
o mesmo olhar triste e uma carga intensa de afazeres, mas por se preocupar com
o futuro: ”se eu não estudar muito, não me preparar e aprender inglês no futuro
eu não terei um bom trabalho, como meu pai...”, em ambas as situações percebe-se
a falta e necessidade da criança simplesmente têm de serem crianças, e eu me
pergunto: Será que ninguém vê? Porque ainda permitem? Onde estão as
brincadeiras? As descobertas? A infância de fato, cadê?
Hoje, no Brasil, temos
legislações claras e especificas que garantem e determinam os reais direitos e
deveres da infância, que definem como devemos preservar e cuidar de nossas
crianças, tais como a LDB e o ECA, que ainda não são exercidos na prática, seja
pela indiferença, exclusão social, pela exploração de seu trabalho, ou pela
exposição as preocupações e deveres da vida de adultos.
A frase abordada no final do filme transcreve bem a realidade atual de
nossas crianças: “Ser criança não
significa ter infância”, parece-me que o ideal de infância ainda é muito
utópica para a realidade da sociedade brasileira, seja por falta de acesso ao
conhecimento, seja por falta de tempo ou simplesmente pela desconsideração
política ou familiar que se tem por nossas pequenas sementes, sim, sementes, talvez
quando todas as pessoas se derem conta que “as crianças são as sementes do
futuro” que plantamos para o amanhã, para um algo melhor, que estamos formando
e criando nossos médicos, músicos, escritores, cientistas, engenheiros, artistas,
diretores, professores, mestres e doutores na sociedade, aí sim acredito que
pensem e valorizem a infância como a mesma deve ser valorizada!
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