A Administração Escolar como
disciplina e prática administrativa demonstra em seu conteúdo, as
características das diferentes escolas da administração de empresas,
aplicando-as à atividade específica da educação, estabelecendo assim uma
relação estreita entre a gestão escolar e a gestão empresarial.
Em se tratando de gestão escolar, podemos dizer que a
concepção do termo está intimamente relacionada à organização do trabalho
pedagógico. Portanto, a administração escolar deve ser exercida por um/ a
educador/ a que possua formação pedagógica e visão administrativa. Esta última,
de preferência, baseada na efetiva participação de todos os envolvidos na ação
educativa da escola.
Modelos
de Gestão Escolar
O que é: Modelo de Gestão é o conjunto de
concepções filosóficas e ideias administrativas que operacionalizam as práticas
gerenciais nas organizações.
Ressaltamos que as concepções de gestão
escolar refletem posições políticas e concepções de homem e de sociedade, e que
o modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um caráter pedagógico,
quer de conservação, quer de transformação social.
Modelo
Técnico-Científico ou Funcionalista
O modelo técnico-científico baseia-se na
hierarquia de cargos e funções, visando à racionalização do trabalho, a
eficiência dos serviços escolares. Segue os princípios e métodos da
administração empresarial. São características deste modelo:
Prescrição detalhada de funções,
acentuando-se a divisão técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas).
Poder centralizado no diretor, destacando-se
as relações de subordinação em que uns têm mais autoridade do que outros.
Ênfase na administração (sistema de normas,
regras, procedimentos burocráticos de controle das atividades); às vezes,
descuidando-se dos objetivos específicos da instituição escolar.
Comunicação linear (de cima para baixo),
baseada em normas e regras/ hierarquia de cargos e funções.
Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas →
eficiência dos serviços escolares
Atualmente, esta concepção também é conhecida
como gestão da qualidade total.
Modelo
Democrático Participativo
Este modelo baseia-se na relação orgânica
entre a direção e a participação do pessoal da escola. Acentua a importância da
busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de
gestão em que as decisões, coletivamente, advogam que cada membro da equipe
assuma sua parte no trabalho, admitindo-se a coordenação e a avaliação
sistemática da operacionalização das decisões tomadas dentro de uma real
diferenciação de funções e saberes.
Tem as seguintes características:
·
Definição explícita de objetivos
sócio-políticos e pedagógicos da escola, pela equipe escolar.
·
Articulação entre a atividade de
direção e a iniciativa e participação das pessoas da escola e das que se
relacionam com ela.
·
A gestão é participativa, mas
espera-se, também, a gestão da participação.
·
Uma vez tomadas às decisões,
coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma sua parte no trabalho.
·
Exige qualificação e competência
profissional.
·
Requer objetividade no trato das
questões da organização e gestão, mediante coleta de informações reais.
·
Acompanhamento e avaliação
sistemáticos com finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos
trabalhos, reorientação de rumos e ações, tomada de decisões.
·
Todos dirigem e são dirigidos, todos
avaliam e são avaliados.
·
O modelo democrático-participativo tem
sido influenciado por uma corrente teórica que compreende a organização escolar
como cultura.
·
Esta corrente afirma que a escola não
é uma estrutura totalmente objetiva, mensurável, independente das pessoas. Ao
contrário, a escola depende muito das experiências subjetivas das pessoas e de
suas interações sociais, ou seja, dos significados que as pessoas dão às coisas
enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras palavras,
dizer que a organização é uma cultura significa que ela é construída pelos seus
próprios membros.
·
Esta maneira de ver a organização
escolar não exclui a presença de elementos objetivos, tais como: as formas de
poder externas e internas, a estrutura organizacional e os próprios objetivos
sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado.
·
Uma visão sócio-crítica propõe
considerar dois aspectos interligados: por um lado, compreende que a
organização é uma construção social, a partir da experiência subjetiva e
cultural das pessoas; por outro, que essa construção não é um processo livre e
voluntário, mas mediatizado pela realidade sociocultural e política mais ampla,
incluindo a influência de forças externas e internas marcadas por interesses de
grupos sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivos.
·
Nesse modelo, a gestão busca as
relações solidárias, formas participativas, mas também valoriza os elementos
internos do processo organizacional: o planejamento, a organização, a gestão, a
direção, a avaliação, as responsabilidades individuais dos membros da equipe e
a ação organizacional coordenada e supervisionada, pois precisa atender a
objetivos sociais e políticos claros, em relação à escolarização da população.
1. Concepção Técnica- Científica –
Esta concepção valoriza a hierarquia de cargos e funções a racionalização do
trabalho objetivando a eficiência dos serviços escolares. A versão mais
conservadora dessa concepção é a administração clássica ou burocrática. A
versão mais recente é o modelo de gestão de qualidade total com utilização de
método/práticas voltados para a gestão de administração empresarial.
2. Concepção Autogestionária – A
responsabilidade é coletiva a direção não é centralizada e tem como principal
característica a participação direta e por igual de todos os membros da
instituição. Em sua organização escolar estabelece uma contraposição dos
elementos institutivos, valoriza os elementos instituintes que é a capacidade
do grupo criar suas próprias normas e procedimentos.
3. Concepção Interpretativa –
Consideram nos processos de organização e gestão os significados subjetivos,
sendo contra a concepção científica – racional, tem um enfoque interpretativo,
ou seja, vê as práticas organizacionais como: Construção social, com base nas
experiências subjetivas e nas interações sociais.
4. Concepção democrático-participativa
– Existe uma relação orgânica entre direção e membros da equipe buscando sempre
objetivos comuns assumidos por todo, para isso as tomadas de decisões são
sempre coletivas onde cada membro assume sua parte no trabalho em equipe
admitindo coordenação e avaliação sistemática da operacionalização e suas
deliberações.
As Concepções de Organização Escolar refletem
posições acerca do papel de cada pessoa e da sociedade elas buscam numa
dimensão pedagógica se os objetivos de cada instituição estão relacionados à
conservação ou transformação social. Enquanto as concepções
técnicas¬-científicas valorizam poder e autoridade, as outras três se opõem às
formas de dominação e subordinação, considerando essencial o contexto social,
político e a construção das relações humanas, valorizando o trabalho coletivo e
participativo, dando ênfase a elementos como: planejamento, organização,
direção e avaliação.
A gestão participativa é um exercício
democrático e um direito de cidadania, por isso implica deveres e
responsabilidades. Dessa forma pode-se afirmar que o diretor ou gestor sozinho
não conseguirá colocar em prática a gestão democrática, já que para que ela
aconteça é necessário o empenho e a participação de todos que fazem parte do
contexto escolar.
Para que a gestão verdadeiramente democrática
se efetive é necessário adotar alguns mecanismos como: autonomia consiste na
ampliação no espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola como
organização social, comprometida com a sociedade, tendo como objetivo a
melhoria da qualidade do ensino. E outros mecanismos como eleição de diretores,
a ação do Projeto Político Pedagógico, o regimento e conselho escolar, a organização
curricular, os recursos financeiros e o papel do gestor mediante as ações na
escola.
Como nos diz Hora (1994) Tais mecanismos são
capazes de gerar um processo de democratização das estruturas educacionais, por
meio da participação de todos na definição de estratégias organização da
escola, na redefinição de seus conteúdos e fins. Enfim recuperar o sentido
educativo da administração escolar.
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