12/27/2013

Modelos de Gestão e Concepções de Organização Escolar




A Administração Escolar como disciplina e prática administrativa demonstra em seu conteúdo, as características das diferentes escolas da administração de empresas, aplicando-as à atividade específica da educação, estabelecendo assim uma relação estreita entre a gestão escolar e a gestão empresarial.

Em se tratando de gestão escolar, podemos dizer que a concepção do termo está intimamente relacionada à organização do trabalho pedagógico. Portanto, a administração escolar deve ser exercida por um/ a educador/ a que possua formação pedagógica e visão administrativa. Esta última, de preferência, baseada na efetiva participação de todos os envolvidos na ação educativa da escola.


Modelos de Gestão Escolar
O que é: Modelo de Gestão é o conjunto de concepções filosóficas e ideias administrativas que operacionalizam as práticas gerenciais nas organizações.

Ressaltamos que as concepções de gestão escolar refletem posições políticas e concepções de homem e de sociedade, e que o modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um caráter pedagógico, quer de conservação, quer de transformação social.

Modelo Técnico-Científico ou Funcionalista
O modelo técnico-científico baseia-se na hierarquia de cargos e funções, visando à racionalização do trabalho, a eficiência dos serviços escolares. Segue os princípios e métodos da administração empresarial. São características deste modelo:
Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas).
Poder centralizado no diretor, destacando-se as relações de subordinação em que uns têm mais autoridade do que outros.
Ênfase na administração (sistema de normas, regras, procedimentos burocráticos de controle das atividades); às vezes, descuidando-se dos objetivos específicos da instituição escolar.
Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em normas e regras/ hierarquia de cargos e funções.
Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas → eficiência dos serviços escolares
Atualmente, esta concepção também é conhecida como gestão da qualidade total.

Modelo Democrático Participativo
Este modelo baseia-se na relação orgânica entre a direção e a participação do pessoal da escola. Acentua a importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma coletiva de gestão em que as decisões, coletivamente, advogam que cada membro da equipe assuma sua parte no trabalho, admitindo-se a coordenação e a avaliação sistemática da operacionalização das decisões tomadas dentro de uma real diferenciação de funções e saberes.
Tem as seguintes características:
·         Definição explícita de objetivos sócio-políticos e pedagógicos da escola, pela equipe escolar.

·         Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e participação das pessoas da escola e das que se relacionam com ela.

·         A gestão é participativa, mas espera-se, também, a gestão da participação.
·         Uma vez tomadas às decisões, coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma sua parte no trabalho.

·         Exige qualificação e competência profissional.

·         Requer objetividade no trato das questões da organização e gestão, mediante coleta de informações reais.

·         Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos, reorientação de rumos e ações, tomada de decisões.

·         Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados.

·         O modelo democrático-participativo tem sido influenciado por uma corrente teórica que compreende a organização escolar como cultura.

·         Esta corrente afirma que a escola não é uma estrutura totalmente objetiva, mensurável, independente das pessoas. Ao contrário, a escola depende muito das experiências subjetivas das pessoas e de suas interações sociais, ou seja, dos significados que as pessoas dão às coisas enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que a organização é uma cultura significa que ela é construída pelos seus próprios membros.

·         Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a presença de elementos objetivos, tais como: as formas de poder externas e internas, a estrutura organizacional e os próprios objetivos sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado.

·         Uma visão sócio-crítica propõe considerar dois aspectos interligados: por um lado, compreende que a organização é uma construção social, a partir da experiência subjetiva e cultural das pessoas; por outro, que essa construção não é um processo livre e voluntário, mas mediatizado pela realidade sociocultural e política mais ampla, incluindo a influência de forças externas e internas marcadas por interesses de grupos sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivos.

·         Nesse modelo, a gestão busca as relações solidárias, formas participativas, mas também valoriza os elementos internos do processo organizacional: o planejamento, a organização, a gestão, a direção, a avaliação, as responsabilidades individuais dos membros da equipe e a ação organizacional coordenada e supervisionada, pois precisa atender a objetivos sociais e políticos claros, em relação à escolarização da população.

1. Concepção Técnica- Científica – Esta concepção valoriza a hierarquia de cargos e funções a racionalização do trabalho objetivando a eficiência dos serviços escolares. A versão mais conservadora dessa concepção é a administração clássica ou burocrática. A versão mais recente é o modelo de gestão de qualidade total com utilização de método/práticas voltados para a gestão de administração empresarial.

2. Concepção Autogestionária – A responsabilidade é coletiva a direção não é centralizada e tem como principal característica a participação direta e por igual de todos os membros da instituição. Em sua organização escolar estabelece uma contraposição dos elementos institutivos, valoriza os elementos instituintes que é a capacidade do grupo criar suas próprias normas e procedimentos.

3. Concepção Interpretativa – Consideram nos processos de organização e gestão os significados subjetivos, sendo contra a concepção científica – racional, tem um enfoque interpretativo, ou seja, vê as práticas organizacionais como: Construção social, com base nas experiências subjetivas e nas interações sociais.

4. Concepção democrático-participativa – Existe uma relação orgânica entre direção e membros da equipe buscando sempre objetivos comuns assumidos por todo, para isso as tomadas de decisões são sempre coletivas onde cada membro assume sua parte no trabalho em equipe admitindo coordenação e avaliação sistemática da operacionalização e suas deliberações.



As Concepções de Organização Escolar refletem posições acerca do papel de cada pessoa e da sociedade elas buscam numa dimensão pedagógica se os objetivos de cada instituição estão relacionados à conservação ou transformação social. Enquanto as concepções técnicas¬-científicas valorizam poder e autoridade, as outras três se opõem às formas de dominação e subordinação, considerando essencial o contexto social, político e a construção das relações humanas, valorizando o trabalho coletivo e participativo, dando ênfase a elementos como: planejamento, organização, direção e avaliação.

A gestão participativa é um exercício democrático e um direito de cidadania, por isso implica deveres e responsabilidades. Dessa forma pode-se afirmar que o diretor ou gestor sozinho não conseguirá colocar em prática a gestão democrática, já que para que ela aconteça é necessário o empenho e a participação de todos que fazem parte do contexto escolar.

Para que a gestão verdadeiramente democrática se efetive é necessário adotar alguns mecanismos como: autonomia consiste na ampliação no espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola como organização social, comprometida com a sociedade, tendo como objetivo a melhoria da qualidade do ensino. E outros mecanismos como eleição de diretores, a ação do Projeto Político Pedagógico, o regimento e conselho escolar, a organização curricular, os recursos financeiros e o papel do gestor mediante as ações na escola.

Como nos diz Hora (1994) Tais mecanismos são capazes de gerar um processo de democratização das estruturas educacionais, por meio da participação de todos na definição de estratégias organização da escola, na redefinição de seus conteúdos e fins. Enfim recuperar o sentido educativo da administração escolar.

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