12/27/2013

Relações entre Avaliação e Planejamento


A avaliação, sendo diagnóstica, aparecerá tanto no início, para detectar o ponto de partida, como durante o andamento do processo, para perceber o desenvolvimento da caminhada, e por último, ao término de um determinado período como ponto de chegada ao objetivo, ainda que provisório, para julgar as possibilidades de avanço ou de recuo, como momento próprio de pontuação dos resultados, mas sempre como diagnóstico para a continuidade.

O planejamento é algo que precisa ser feito, como processo de organização e coordenação, é necessário antes de planejar conhecer a realidade do educando, para assim identificar onde estamos e qual o objetivo que queremos alcançar, e de que forma chegar até lá, e é esta pratica avaliativa prévia que garantirá as bases que garantirão a construção de um planejamento de sucesso.

A avaliação subsidia a aprendizagem, visando garantir a qualidade do resultado. O planejar exige uma reflexão quanto às expectativas das atividades para o desenvolvimento desejado, é estreita e indivisível a relação existente entre a avaliação e os demais elementos do planejamento no processo de ensinar e aprender, porque da mesma forma que se avalia o que se ensinou, ou o que se aprendeu, se auto avalia para ensinar e levar o discente a aprender, não há como dissociar a avaliação dos demais elementos que constituem o planejamento no intuito de alcançar uma prática significativa em sala de aula. 

O planejamento é indissociável à prática da avaliação, pois todo professor faz de forma previa, continua e posterior uma avaliação do processo.

O professor avalia para planejar, planeja para atuar junto aos alunos, para voltar a avaliar, novamente planejar, novamente atuar... como uma onda sem fim” (apostila Trabalhando com a educação de jovens e adultos, a avaliação e o planejamento)

Seguem abaixo alguns teóricos referenciais para se definir uma proposta de intervenção e organização de situações para o aprendizado contínuo, integrado ao currículo e sucesso do ensino:

  • Jussara Hoffmanapresentou a avaliação mediadora, que se baseia em “transmitir- verificar - registrar”, para ela o professor não deve estar limitado a uma avaliação classificatória, avaliar então para ela significa detectar os conteúdos que o aluno assimilou, fazer registros sobre o desempenho dos alunos para avaliar também todo o processo de aprendizagem. 
  • Antoni Zabala e a Prática Educativa Como Ensinar, para ele avaliar é indispensável em toda e qualquer atividade humana, pois se é avaliado continuamente, pois esta tem como objetivo localizar as competências que já foram adquiridas, o que deve aprender, e o que ainda não sabe a partir deste diagnostico, o professor poderá fazer suas intervenções.  
  • Paola Gentile, uma especialista em educação e entrevistadora, e Roberta Bensine, escritora da Revista Nova escola, que apresentam Philippe Perrenoud, que diz que temos que avaliar para superar, para ele competência é a habilidade de se resolver problemas por meio do saber, os saberes são como uma caixinha de ferramentas, e a avaliação nos mostra se o aluno sabe usar estas ferramentas e como podemos ajuda-los a superar seus desafios.  
  • Celso Vasconcellos, doutor em educação pela USP, mestre em história e filosofia da educação, pedagogo, pesquisador, escritor, e responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica, em seu vídeo diz que deve haver uma transformação na avaliação, que não se restringe apenas ao professor, mas é fruto de um trabalho coletivo, muito mais amplo que envolve toda forma de organização escolar, para que esta seja inclusiva, uma nova cultura institucional.
  • Philippe Perrenoud, Dez Novas Competências para Ensinar, 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem, 2. Administrar a progressão das aprendizagens, 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação, 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho, 5. Trabalhar em equipe, 6. Participar da administração da escola, 7. Informar e envolver os pais, 8. Utilizar novas tecnologias, 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão, 10. Administrar sua própria formação continua, e ele é ainda mais complexo: “Uma verdadeira avaliação formativa só é possível no âmbito de pedagogias fortemente diferenciadas, até mesmo de pedagogias formais de domínio. Considera ainda que a avaliação formativa desenvolvida pela regulação é vista sob a perspectiva de um processo deliberado e intencional, tendo como objetivo, controlar os processos da aprendizagem, para que possa consolidar, desenvolver ou redirecionar essa mesma aprendizagem. A avaliação formativa traz a idéia de que os processos cognitivos e metacognitivos dos alunos desempenham um papel fundamental na regulação e auto-regulação das suas aprendizagens. Os alunos constituem parte ativa, por intermédio da mobilização consciente de um conjunto de recursos cognitivos, metacognitivos e afetivos.
  • Jacques Delors, acredita em quatro passos do aprender para saber: 1) aprender a conhecer, 2) aprender a fazer, 3) aprender a viver com os outros,  4) aprender a ser.
  • Edgar Morin, Propõe mudanças profundas, já que ocorreram em escala mundial nas últimas décadas do século 20 o avanço da tecnologia de informação, a globalização econômica e o fim da polarização ideológica entre capitalismo e comunismo nas relações internacionais. Diante desse cenário, o sociólogo francês, percebeu que a maior urgência no campo das idéias não é rever doutrinas e métodos, mas elaborar uma nova concepção do próprio conhecimento. No lugar da especialização, da simplificação e da fragmentação de saberes, Morin propõe o conceito de complexidade.  Para o pensador, os saberes tradicionais foram submetidos a um processo reducionista que acarretou a perda das noções de multiplicidade e diversidade. A simplificação, de acordo com Morin, está a serviço de uma falsa racionalidade, que passa por cima da desordem e das contradições existentes em todos os fenômenos e nas relações entre eles. Os Sete Saberes1)    Considerar erros e ilusões constantes nas concepções. 2)    Construir um conhecimento pertinente. 3)    Reaprender a sua própria condição humana. 4)    Reconhecer a nossa identidade terrena – esta ligada a sustentabilidade. 5)    Enfrentar as incertezas constantes no conhecimento cientifico. 6)    Ensinar a compreensão por meio do dialogo e do entendimento. 7)    Discutir e ensinar a ética. O propósito dos sete saberes: como aplicar-lhes  na reforma da educação é um problema a ser discutido e decidido coletivamente nas escolas.Os sete saberes podem contribuir para juntar as disciplinas. Na prática se propõe uma redefinição dos currículos que integrem os saberes e propiciem a formação e as ações de um novo tipo de professor.O pensamento complexo não é contra a disciplina, mas abre outros campos para a disciplina. Sua introdução no ensino pode nos levar possivelmente para rumos inovadores na construção do conhecimento. - Revisar currículos, - Integrar as disciplinas e religar os saberes, - Reorganizar o pensamento, -  Abrir outros campos de saberes, e - Recusar a separação entre razão e emoção, ciência e arte, ciência e mito.Estimular o diálogo entre diferentes, reconhecendo que pode haver relações de tensão entre opostos. Segundo Edgar o ensino realizado por meio de disciplinas fechadas nelas mesma atrofia a atitude natural do espírito para situar e contextualizar. Temos, portanto, a necessidade de ensinar a pertinência, ou seja, um conhecimento simultaneamente analítico e sintético das partes realizadas ao todo e o todo religado as partes.  A avaliação, de acordo com os sete saberes, de Edgar Morin tem uma aplicabilidade dos resultados para a vida e não apenas para saber se a professora conseguiu o resultado de suas matérias. 
Para Luckesi: “quando a criança está em processo de aprendizagem não comete erros, e sim uma ação insatisfatória ou satisfatória. Erro e acerto são depois que você dominou o conhecimento”. 

O erro, em si não existe, o que existe é uma ação insatisfatória, ou seja, não é uma fonte de castigo ou virtude, o erro compreende uma pratica avaliativa de identificar as dificuldades, ou defasagens, no processo de ensino do aluno e assim auxiliá-lo, ou reconduzi-lo, como professor mediador, ao conhecimento, e assim alcançar o aprendizado esperado, podendo se usar novas metodologias, exemplos, práticas ou linguagens que possam tornar este aprendizado mais significativo ao aluno.

Temos que identificar e desenvolver uma sensibilidade para alcançar o potencial esperado do aluno, partindo de uma avaliação continua, na qual não se pode classificar, medir e nem qualificar o aluno, a avaliação deve ser entendida como uma observação sobre o  desempenho do aluno, sendo inclusiva e acolhedora, na qual as ações não satisfatórias são diagnósticos de dificuldades, para que assim o professor possa intermediar e sanar esta dificuldade.

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