A sociedade brasileira tem
enfrentado um grande declínio educacional, fato notório e que tem sido
constantemente discutido sob as mais variadas formas no âmbito social.
Procurando solucionar as questões
que esta temática apresenta, observa-se a necessidade de estimulo no quesito do
currículo artístico aplicado nas escolas, porquanto o assunto tem sido
negligenciado em grande parte das instituições educacionais, sendo viável, para
esse fim, que se dê ênfase na prática da arte-educação na educação.
Tal processo implica em levar o
aluno à aprendizagem, explorando as múltiplas linguagens artísticas, pois cada
uma dessas linguagens, dentro de sua singularidade, agregará no desenvolvimento
do aluno como um ser integral. Entretanto, para que haja o êxito, é fundamental
que a prática destas linguagens se inicie na mais tenra idade.
Na Educação Infantil, deve ser
possibilitado que as crianças se expressem na comunicação de idéias, sensações,
sentimentos e manifestações culturais, que explorem as possibilidades de
movimentos e ritmos (Fernandez, Alicia), proporcionando o conhecimento próprio
e do outro, dos objetos e brinquedos, e com sua cultura (Santoro, Marcos),
trabalhar a construção do pensamento, do imaginário, e da representação ou
teatralização (Edda Bomtempo).
Nesse sentido, relevantes também são
os ensinamentos de Maria Cecília Moraes Dias, que aponta que “É preciso
exercitar o jogo simbólico e as linguagens não-verbais, para que a própria
linguagem verbal, socializada e ideologizada, possa transformar-se em verdadeiro
instrumento de pensamento”. Luiz Carlos Garrocho, por sua vez, aponta a importância
dos aspectos teatrais no processo de aprendizagem, destacando que “a criança
não faz teatro... a criança brinca.”.
Entre os componentes de uma
linguagem artística, também temos a dança, que trata de um processo empírico,
que abre caminhos a numerosos achados, muitos ganhos em matéria de coesão e
harmonia (apostila - Blot, G e B. “A Dança”). Paulo Freire, ainda, deixa muito
claro a importância da musica para a criança, pois ele afirma que a linguagem
musical deve estar presente na infância para estabelecer o processo de relação
com o outro, com o lúdico, com o imaginário, para desenvolver a coordenação
viso-motor, a imitação, atenção e memorização, percepção, inteligência,
organização espacial, ritmo e expressão corporal.
Em experiência vivenciada com os
alunos de 2 e 3 anos, na qual a escola estabeleceu um projeto para o professor
trabalhar com a música, cada professor ficou responsável por elaborar seu planejamento
e incluí-lo em seu semanário, o que foi feito nos termos que seguem: Título:
Meu pé; Objetivo: desenvolver a linguagem artística, o movimento e a
musicalização; Justificativa: RCNEI, Piaget e Paulo Freire; Conteúdo:
socialização com o outro, desenvolver a consciência corporal, a capacidade de saltar
num pé só, girar e equilibrar-se, estimular a combinação de regras e promover o
conhecimento cultural por meio do movimento; Estratégias: trabalhamos com um
poema cantado na região sul do Brasil, onde a cada aula após a leitura do poema
trabalhamos com o conhecimento e importância do pé, depois cantamos o poema e,
junto com as crianças, montamos “passinhos” ou a teatralização do poema para a
apresentação aos pais finalizando o projeto.
Desta forma, percebe-se, diante
dos conceitos teóricos apresentados, bem como através de experiências
vivenciadas em sala de aula, que é de extrema importância que se trabalhe as
artes, abordando suas múltiplas linguagens a fim de enriquecer o currículo
escolar e, assim, contribuir para a formação integral do educando.
Finalizando, segue um pequeno poema a fim de inspirar o leitor a
valorizar a prática artística na educação, refletindo, por conseqüência, sobre
a importância do assunto.
Uma artista em minha vida
Antes de nascer eu já era uma artista,
quando na barriga eu estava
eu me mexia e tudo já escutava.
No nascimento o meu primeiro canto foi protagonista,
pequenina muito aprontava,
desenhava, pintava, cantava e até bordava.
Então cresci, e quando moça decidi ser tecladista,
mas o pouco tempo me atrapalhava,
então desisti do que me apaixonava.
Hoje, adulta, e menos egoísta,
valorizo a importância perdida e
fico brava,
por não ter aprendido a ser
artista quando na escola ainda estava!
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